O governo federal autorizou, ontem, que as indústrias farmacêuticas e distribuidoras possam fazer um reajuste de até 5,68% nos preços dos medicamentos regulados pelo governo. A medida foi publicada na última quinta-feira (27), no Diário Oficial da União, e já tira o sono de muita gente que depende de alguns medicamentos. A aposentada Sônia Maria Serravalle, que chega a usar cinco tipos diferentes de remédio de uso contínuo, já calcula o aumento da conta do mês.
“Meu gasto chega a ser mais de R$ 200 por mês e eu nem tenho a quem recorrer. Alguns desses remédios eu poderia pegar no posto de saúde, mas é difícil achar e eu não posso ficar sem tomá-los”, lamenta a aposentada, que precisa dos medicamentos para controle da pressão alta, coração, estômago e colesterol.
Segundo informações do Ministério da Saúde, a regulação vale para mais de nove mil medicamentos, sendo que 40% deles estão na categoria nível três, ou seja, possui uso de menor recorrência como os remédios controlados. Para as pessoas que o reajuste vai fazer muita diferença, ou que possuem doenças crônicas, um dos dirigentes do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado da Bahia (Sindifarma), José Jorge Silva Júnior, sugere o cadastro em programas do Governo Federal que dão os remédios de graça.
“Mas para conseguir é preciso preencher uma série de requisitos. Enquanto isso, os pacientes podem recorrer aos programas federais já adotados por farmácias particulares ou até mesmo às farmácias populares, que oferecem condições mais acessíveis”, recomenda Jorge Silva.
Mesmo assim, a situação não agradou muito a população. “Acho um abuso, pois o trabalhador mal ganha para comer, e ainda tem que comprar remédios que muitas vezes são caríssimos. Eu até uso um para pressão alta, mas o valor do meu é razoável em vista de muitos que ouço falar por aí”, critica a assistente social Rita Antunes.