Estar sempre disponível para o trabalho – mesmo que este não seja requisitado — tem impacto negativo na saúde e no bem-estar do profissional. De acordo com um estudo de pesquisadores alemães, a expectativa de que um profissional deve se manter conectado após o fim do expediente limita a capacidade do corpo de se recuperar ao fim do dia, tem efeito negativo no humor da pessoa no dia seguinte e pode levar a níveis mais altos de estresse.
O estudo, publicado na edição mais recente do “Journal of Occupational Health Psychology”, da Associação Americana de Psicologia, foi realizado por professores da Universidade de Hamburgo. Os pesquisadores analisaram o humor e o nível do hormônio cortisol, associado a níveis mais altos de estresse, em profissionais na manhã seguinte a um dia em que eles precisaram ficar de sobreaviso para resolver questões profissionais após o fim do horário de trabalho. Em seguida, compararam os resultados com um dia sem essa exigência. O experimento durou duas semanas e contou com 132 participantes.
A exigência de disponibilidade afetou negativamente o humor dos profissionais no dia seguinte, diminuindo os níveis de disposição, energia e calma. A produção de cortisol foi mais rápida do que nos dias normais, de forma similar ao encontrado em pessoas que sofrem de estresse. Os resultados foram iguais independentemente de os trabalhadores terem sido contactados pelos chefes ou não. A simples exigência de disponibilidade – e não o trabalho em si – foi responsável pela piora nos índices.
Para os pesquisadores, a insegurança causada pela possibilidade de ser requisitado para trabalhar limita o controle que a pessoa pode exercer em atividades não relacionadas ao emprego, o que pode gerar estresse adicional. “O período em que os funcionários precisam ficar disponíveis para o trabalho limita o comportamento da pessoa e não pode ser considerado tempo livre, pois a capacidade de recuperação – uma função crucial do tempo livre – fica restrita nessas circunstâncias.”
Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 18.01.2016