Palmas, uma Capital com pouquíssimas farmácias, poeira para todos os lados, quase sem asfalto e num Estado que ainda buscava saborear os primeiros benefícios de sua criação oito anos atrás. Este era o cenário do dia 20 de setembro de 1997, data da criação do Sindifato (Sindicato dos Farmacêuticos do Tocantins).
Hoje, 20 anos depois, com toda a tecnologia a disposição, redes sociais, celulares e acesso a meios de comunicação, existe uma grande dificuldade para unir a classe para lutar pelos seus direitos. Naquela época, claro, tudo era mais difícil ainda. A luta para defender os direitos da categoria, então, era inglória e precisou ser feita com muita garra, mas também com muito diálogo.
Naquela tarde muito quente de Palmas, às 16h40, se iniciava a reunião que criava o Sindifato. O encontro ocorreu na sede do CRF (Conselho Regional de Farmácia). A pauta da reunião era simples: aprovação do estatuto, eleição e posse da diretoria provisória do Sindifato.
Após a aprovação do nome do sindicato e do estatuto, foi chamada a assembleia de eleição, onde se apresentaram como candidatos Jackson Rogério Barbosa (presidente), Ana Paula Pedreira Lima (vice-presidente), Janete Gomes Barbosa (tesoureira), Mara Cilene F. M. Guerra (secretária) e Iracyara Barros Leite (diretora de Promoção Farmacêutica). Rogério Barbosa, inclusive, já presidia Comissão Provisória que trabalhou pela criação do sindicato e, por isso, acabou sendo uma unanimidade para o cargo.
Como não havia outra chapa, a votação foi realizada por aclamação, sendo eleita a chapa da diretoria provisória do Sindifato. Eles foram empossados no cargo por Amílson Álvares e a criação da entidade ainda contou com a colaboração de Wellington de Macedo.
Atualmente, após duas décadas, o Sindifato é um sindicato fortalecido, reconhecido por defender sua classe. Na esfera pública, os farmacêuticos que trabalham no governo do Estado e os que trabalham na Capital estão entre os mais bem pagos do país. No interior, o quadro de melhoria salarial também vai se ampliando.
Na esfera privada, graças ao trabalho implacável do Sindifato ao longo dos anos, praticamente não há farmácia que deixe de respeitar o piso salarial da categoria. E isso em um mercado, sobretudo em Palmas, que surgem várias farmácias por mês. Nos hospitais privados, também depois de muita briga por parte dos diretores do sindicato, há respeito ao piso salarial e, nos últimos anos, incluindo na atual gestão, efetivação de datas-base, mantendo o poder de compra da categoria.
Manter as conquistas e lutar por mais. Esse é o desafio para o futuro. Nada fácil, por óbvio, ainda mais depois que a perversa Reforma Trabalhista enfraqueceu os trabalhadores e os sindicatos. Mas, por definição, o farmacêutico sempre trabalhou na busca das melhores soluções, superando os mais variados desafios e, agora, com união total, estão prontos para mais este.
A origem
“Quando criamos o CRF-TO, tivemos a sorte de assumir a função do sindicato e não permitir que nenhum processo de registro de trabalho para qualquer atividade farmacêutica passasse pela plenária sem que a carteira e contrato de trabalho fossem assinados com menos de quatro salários mínimos, que hoje seria em torno de 3.700,00. Com isto criamos uma cultura de piso salarial de no mínimo quatro salários mínimos”, lembra Amílson Álvares. Hoje, o piso tanto no setor privado, quanto no setor público, é um pouco maior que os quatro salários mínimos.
Naquela época, nos anos 1990, existiam poucos sindicatos regulamentados no Brasil. “Porém, fomos cada vez mais conhecendo as reais atribuições do CRF e foram criados os sindicatos patronais, muito atuantes. Para contrapor, resolvemos unir forças para criar nosso sindicato”, destaca.
Em 1997, o número de farmacêuticos no Estado era de cerca de 350. “Mesmo não tendo colegas com conhecimento de sindicalização, resolvemos ousar e criar nosso futuro, uma entidade que fosse a proteção de nossos direitos trabalhistas. Fomos apenas os criadores, posteriormente vieram diretorias magníficas que fizeram trabalhos e negociações fabulosas, por isto estamos hoje entre os melhores salários do Brasil, graças a estes incansáveis colegas como vocês que sempre trabalham e defendem os direitos de nossa categoria”, salienta Amílson.
“Como essa defesa e proteção aos direitos trabalhistas foram criados dentro do CRF, ainda acho de acordo com minha cultura profissional, que estas duas entidades não podem separar jamais, independente de lado político. Porque o bem comum é a profissão farmacêutica, quem não pensar assim não deveria estar à frente de nenhuma entidade profissional. Temos que andar junto, um protegendo o outro, e progredindo em prol de uma profissão forte e vitoriosa”, sustenta, ao pregar a união entre o Sindifato e o CRF.
Presidente da Mesa na Assembleia que criou o sindicato, o farmacêutico Wellington de Macedo destacou que o Sindifato tem contribuído para a profissão durante toda a sua existência, seja como assessoria cientifica ou auxiliando nas questões trabalhistas.
Já Iracyara Barros de Leite, diretora de Promoção na época, destacou a dificuldade de atuar naquela ano, em especial pela quantidade pequena de profissionais. Além disso, a sala do sindicato era emprestada pelo CRF e a profissão ainda trabalhava sem receitas.
Atualidade
Hoje, há mais de 1.600 farmacêuticos trabalhando no Estado. O número é quase cinco vezes maior do que havia em 1997. O mercado mudou radicalmente, mas a luta pelo respeito aos direitos é a mesma.
O atual presidente da entidade, Pedro Henrique Goulart Machado Rocha, comanda uma política de ampliação do trabalho do Sindifato, com uma atenção maior ao interior do Estado. Na Capital, a vigilância a todos os temas de interesse da classe também aumenta. Paralelamente, o setor jurídico do sindicato foi reforçado, em especial pelo grande aumento da demanda ocasionado por causa da mudança no mercado de trabalho e ampliação do número de farmácias. “Estamos nos preparando apara atender da melhor maneira possível nossos filiados”, ressaltou.
Para comemorar estes 20 anos, o Sindifato reformulou o site oficial e sua logomarca. Em um mundo cada vez mais globalizado, o sindicato se atualiza e atua com políticas alinhadas com a Feifar (Federação Interestadual dos Farmacêuticos).
Batalhas virão, com vitórias e derrotas. Juntos, vamos continuar vencendo mais do que perdendo!