Palmas, TO – Uma preocupação crescente com a saúde pública de Palmas foi levada ao plenário do Conselho Municipal de Saúde na última quarta-feira, 20 de agosto de 2025, durante a presença do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Tocantins (SINDIFATO). Na ocasião, o presidente do Sindicato, Renato Soares Pires Melo, manifestou profundo alarme com o cenário das farmácias municipais e o que ele descreveu como um incompreensível.
A principal questão levantada pelo presidente do SINDIFATO foi o fechamento de farmácias municipais durante parte do dia. Dados apresentados e confirmados indicam que oito farmácias municipais estão atualmente funcionando apenas em meio período. Este fato tem gerado grande apreensão, não só entre os conselheiros, mas em toda a sociedade palmense, que se depara com a crescente dificuldade no acesso a medicamentos essenciais.
“O alerta que trazemos ao plenário e à população é grave. Pacientes que iniciam tratamentos, muitos deles contínuos, encontram as farmácias fechadas e, consequentemente, veem a interrupção do seu tratamento e a perda da sua eficácia”, declarou Renato Soares Pires Melo.
“Além do prejuízo incalculável à saúde do paciente, essa interrupção do tratamento causa um prejuízo de 100% de todo o gasto público já investido naquele paciente – seja com a aquisição de medicamentos, insumos ou atendimentos anteriores. Em outras palavras, tudo se perde, resultando em um desperdício de 100% do dinheiro público. Para uma gestão que frequentemente alega dificuldades orçamentárias, é inconcebível que se permita um prejuízo total dos valores gastos com aquisição de medicamentos e toda a cadeia de atendimento.”
O problema se agrava ao considerar que, até o momento, a principal razão para a interrupção de tratamentos era a crônica falta de medicamentos. Um relatório detalhado da própria Secretaria Municipal de Saúde, referente ao quadrimestre anterior de 2025, já confirmava a assustadora marca de 60% de ausência de medicamentos na rede.
Além da carência de fármacos e da redução dos horários de funcionamento, a ausência de profissionais farmacêuticos e o déficit de pessoal em outras categorias têm impactado diretamente a saúde da população. A sobrecarga de trabalho para os servidores remanescentes, os afastamentos por adoecimento e a perda de profissionais para o mercado privado em busca de melhores condições são consequências diretas. Pacientes que deveriam ser atendidos na atenção básica são forçados a recorrer às unidades de urgência e emergência e aos hospitais da capital, causando um “inchaço” desnecessário nessas unidades.
A diretoria do SINDIFATO manifestou sua “profunda preocupação com o descaso da saúde pública” e criticou a postura da gestão municipal. “Entendemos que a atual gestão herdou problemas, porém, ao invés de combatê-los com ações técnicas e planejamento, prefere dar continuidade e repassar sua responsabilidade para terceiros”, pontuou o presidente. A terceirização de serviços de exames laboratoriais, de urgência e emergência, e mais recentemente de parte do Programa Saúde da Família, são exemplos citados pelo Sindicato, que vê o sucateamento das farmácias municipais como um caminho para justificar a privatização desses serviços.
Renato Soares Pires Melo reforçou que a iniciativa privada deve ser uma complementação do sistema de saúde, e não a regra. “O que estamos vivenciando atualmente é um avanço dos serviços privados em detrimento dos serviços próprios da gestão municipal”, alertou.
Um fato que causou indignação é a alegação de falta de orçamento para a convocação de concursados. Apesar de um concurso público ter sido realizado em 2024, com um cadastro de reserva ainda aguardando posse, a gestão municipal justifica a não nomeação pela falta de recursos. Contudo, o próprio relatório do primeiro quadrimestre revela a intenção da Secretaria de Saúde de construir novas unidades de saúde. “Se as unidades atuais padecem por falta de profissionais, o que acontecerá com as novas unidades sem pessoal para atender à sociedade palmense? Parece que há orçamento para construir prédios vazios, mas não para realizar concurso e empossar servidores próprios”, questionou o presidente do SINDIFATO, evidenciando a contradição e a preocupação do Sindicato com o futuro da saúde pública de Palmas.
Fonte: Sindicato dos Farmacêuticos do Tocantins.